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O Mito de Prometeu

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Os Sabbats da Roda do Ano

 “O tempo gira como a lâmina de um antigo moinho: cada volta é morte e renascimento.” Entre as sombras do bosque e o brilho das estrelas, há uma roda invisível que nunca deixa de girar. As bruxas, os druidas e os povos antigos a chamavam de Roda do Ano — o ciclo eterno que move a Terra, o Sol e as almas que caminham entre os dois. Dividida em oito festas sazonais, essa roda marca o pulsar da natureza, o nascimento, o apogeu e o descanso do mundo. Cada Sabbat é uma vela acesa em um ponto do tempo, um portal para compreender o ritmo do sagrado em tudo que vive e morre. Samhain — O Crepúsculo das Almas (HN - 31 de outubro / HS - 1º de maio) É o Ano-Novo das Bruxas, quando o véu entre os mundos se torna tênue. Tempo de honrar os ancestrais, lembrar os mortos e semear novas intenções. As colheitas foram feitas — agora resta o silêncio. Yule — O Solstício de Inverno (HN - 21 de dezembro / HS - 21 de junho) A noite mais longa do ano. O Sol renasce como uma criança divina, símbolo da esper...

Filme - A Lenda (1985)

 “Entre luz e trevas, o coração humano decide o destino do mundo.” No coração de uma floresta antiga, onde o orvalho é mais puro que o tempo e o silêncio é cheio de vozes antigas, habita o espírito de A Lenda. Dirigido por Ridley Scott, o filme é uma fábula sombria e onírica — um daqueles raros portais que se abrem apenas aos que ainda acreditam em fadas, demônios e florestas encantadas. Jack (Tom Cruise, em um de seus primeiros papéis) é o jovem guardião da inocência, protetor dos últimos unicórnios — criaturas que mantêm a luz viva no mundo. Quando o Senhor das Trevas (Tim Curry, em uma das mais magníficas personificações do mal já vistas no cinema) trama o desaparecimento desses seres, o equilíbrio entre dia e noite se rompe, e o mundo mergulha em um inverno eterno. Mas A Lenda não é apenas uma história de heróis e monstros. É uma meditação sobre a pureza e a sombra dentro de cada um de nós. A jornada de Jack é a jornada da alma humana: o confronto inevitável com aquilo que teme...

Leshy - Guardião das Florestas

  “Nas profundezas onde o vento não chega, há um riso que se confunde com o som das folhas.  É o Leshy brincando com os que ousam entrar sem permissão...” Dizem que nas florestas antigas da Rússia e das terras bálticas habita uma entidade tão velha quanto as próprias árvores. Chamam-no Leshy, o Espírito da Floresta. Alto como um carvalho ou pequeno como um esquilo, o Leshy muda de forma conforme o humor ou a intenção. Pode ser um homem de barba verde, coberto de musgo e raízes, com olhos que brilham como se refletissem o próprio coração da mata. Outras vezes, é apenas um sopro, um rastro de riso entre as copas, um vulto que desaparece na névoa antes que alguém possa jurar tê-lo visto. Quem entra na floresta sem pedir licença pode ouvir passos que não são seus, sentir o vento guiar para o caminho errado, e de repente — a trilha se perde. O Leshy é conhecido por enganar os caçadores, confundir os viajantes e proteger as criaturas selvagens. Não o faz por maldade, mas por equilíb...

A Lenda de Cailleach, a Velha do Inverno

“Escutem, viajantes... quando o vento sopra do norte e a geada se deita sobre os telhados, não é o frio que chega primeiro — é Ela. A Velha do Inverno desperta de seu sono de pedra, e o mundo volta a se curvar diante do tempo.” Entre as montanhas enevoadas da Escócia e as terras antigas da Irlanda, ecoa o nome de uma deusa esquecida pelos homens, mas lembrada pela terra: Cailleach, a Velha do Inverno. Dizem que ela nasceu quando o primeiro trovão ressoou sobre o mundo, moldada do gelo e da rocha. De cabelos brancos como a neve e olhos azuis como o céu de dezembro, Cailleach é a senhora do frio e do tempo, guardiã dos ciclos que fazem a vida florescer e murchar. Com um martelo de pedra em mãos, moldou montanhas, cavou vales e abriu fendas nas rochas. Cada golpe seu fazia o vento soprar e as tempestades nascerem. Mas seu poder não é de destruição — é de renovação. Ela encerra o verão para que o novo possa nascer, apaga o fogo para que outro seja aceso. Há quem diga que Cailleach é o espe...

O Conto dos Contos

A Rainha que Quer Ter um Filho Em tempos onde o desejo de gerar uma nova vida para alguém que não possuía tal atributo físico competente, tornava-se um agouro de uma vivência frígida e decadente. Há de se pensar, mas a rainha de Longtrellis escolheu um caminho sem volta, um ato de coragem e de sacrifício. O nascimento está imaculado pela morte e a morte, por sua vez, é só um elemento do nascimento, e nem sequer é o mais dramático. Toda nova vida pede uma vida em troca, o equilíbrio do mundo deve ser mantido. Não se tem escolha do que irá acontecer, apenas esteja ciente das possibilidades e assuma as consequências, uma vez optando por este caminho nada poderá ser mudado. Para que o desejo possa ser concretizado, um monstro marinho deve ser caçado, seu coração arrancado e cozinhado por uma virgem, mas ela deve estar só. Quando vossa majestade comer o coração, ficará grávida instantaneamente. O Rei que se Apaixonou por uma Velha Quem canta com a voz tão bela? Por onde anda se esconden...

O Despertar do Olho de Bruxa

Energia, ela existe em diferentes formas e frequências, às vezes podemos vê-la, às vezes podermos senti-la, até mesmo ouvi-la. Temos a imagem da bruxa, manipuladora da magia e, temos também, a imagem do psíquico, detentor da segunda visão, a capacidade de sentir em um nível que vai além dos cinco sentidos. O Olho de Bruxa seria a junção dessas duas imagens que, na verdade, não deveriam existir de forma separada. Vejamos tudo isso como um sistema de “input” e “output”. O input, ou seja tudo aquilo que entra, está relacionado ao psíquico, abrir a mente, aumentar a sensibilidade, receber a energia externa. O output, ou seja tudo aquilo que sai, está relacionado à magia, a manipulação da energia captada, expulsão da energia interna. Se olharmos ao nosso redor, percebemos que tudo aquilo que parece sólido é apenas energia vibrando em um ritmo mais lento. Ao examinarmos através de um microscópio, notamos que a matéria sólida é feita de partículas em constante movimento. Tudo o que podemos ...

A Origem de Ymir e os Nove Mundos

  Primeiramente havia o caos, nada mais além disso. Três reinos coexistiam: Ginnungagap (o Vazio), Musspell (o Reino de Fogo) e Niflheim (a Terra da Neblina). Durante muitas eras assim foi, até que as névoas começaram a subir lentamente das profundezas do Niflheim e formaram no medonho abismo de Ginnungagap um gigantesco bloco de gelo. Por milhares de eras o grande bloco de gelo foi sendo derretido pelo calor escaldante que descia das alturas abomináveis do Musspell, revelando a figura de um gigante sob a camada espessa de gelo. Seu nome era Ymir, como o ar quente que descia de Musspell não cessava, ele começou a suar, tanto que o suor que lhe escorria copiosamente, uniu-se à água do gelo que brotava de seus poderosos membros. Dessa união, surgiram os primeiros seres vivos. Debaixo de seu braço surgiu um casal de gigantes, da união de suas pernas veio o terceiro gigante, chamado Thrudgelmir. Estes três foram os primeiros, mais tarde, Thrudgelmir geraria Bergelmir, que daria orige...

Os Benandanti

  Membros de uma tradição folclórica do distrito de Friul, Itália, durante os séculos XVI e XVII. Os benandanti afirmavam viajar para fora de seus corpos enquanto dormiam para lutar contra as bruxas malévolas (malandanti) afim de garantir a proteção de sua comunidade e boas colheitas para a próxima temporada. Deixavam seus corpos na forma de camundongos, gatos, coelhos ou borboletas. Os homens relataram principalmente voar para as nuvens lutando contra bruxas para garantir a fertilidade de sua comunidade; as mulheres relataram com maior frequência participar de grandes festas. Nas quintas-feiras entre as têmporas, períodos de jejum da Igreja Católica, os benandanti afirmavam que seus espíritos saíam de seus corpos à noite e cavalgavam em vários animais para o céu e para lugares no campo. Aqui eles participavam de vários jogos e outras atividades com outros benandanti, os espíritos dos homens iam aos campos para combater as bruxas malvadas. Os homens benandanti lutavam com talos d...